Violência entre parceiros íntimos autorrelatada por profissionais militares da força aérea brasileira: prevalência e fatores de associação

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Data

2023-10-30

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Universidade do Estado do Amazonas

Resumo

O fenômeno da violência cometida por parceiro íntimo (VPI) é amplamente debatido em ciências sociais, estudos filosóficos e na área da saúde, sendo, no entanto, pouco abordado no que tange a populações militares, especialmente às Forças Armadas. A presente pesquisa teve por escopo estimar a prevalência da VPI autorrelatada por profissionais militares integrantes da Força Aérea Brasileira (FAB) sediada em Manaus/AM, buscando-se correlacionar os fatores associados à VPI e propor medidas de enfrentamento. Para tanto, foi realizado um estudo transversal, cujos dados foram levantados através de questionário virtual semiestruturado, aplicados juntos a uma amostra representativa de 186 militares da FAB em Manaus. O tamanho amostral foi calculado através da plataforma Open Epi, tendo por base a prevalência estimada para o desfecho em 5,7% para homens e 6,3% para mulheres. O questionário virtual visou coletar informações relativas às variáveis socioeconômicas, atuação profissional, escala de percepção sobre o ambiente familiar (family enviorment scale), análise de VPI com uso da Conflict Tactics Scales (CTS2), satisfação do trabalho (fator III – decepção no trabalho) e atitudes adotadas pelos respondentes frente ao envolvimento em situações de VPI. A análise dos dados ocorreu em duas etapas, a saber: exploratória das variáveis e definição da taxa de prevalência de VPI; e num segundo momento a identificação de possíveis fatores relacionados à ocorrência de VPI. Calculou-se a proporção de cada um dos tipos de violência (coerção sexual, agressão psicológica, negociação, lesão e violência física) e para a identificação dos fatores associados foram realizadas análises de regressão logística bruta e ajustada. O tipo de violência de maior proporção foi a agressão psicológica (75,8%) e a de menor proporção a coerção sexual (2,7%). Militares que se decepcionaram com o trabalho tiveram mais chances de se envolver em situações de coerção sexual (OR=22.37; p-valor=0.01). Militares cujo parceiro(a) mora junto (OR=3.50; p-valor=0.05) e cujo ambiente familiar não se apresenta organizado (OR=4.19; p-valor<0.01) tiveram mais chances de se envolverem em situações de agressão psicológica. Os militares que se autodeclaram pardos (OR=9.36; p-valor=0.05) e cujo ambiente familiar não se apresenta organizado (OR<1.00; p-valor=0.04) tem mais chance de envolvimento com lesões entre parceiros. Diante dos achados da pesquisa, foi possível entender a realidade atual das relações íntimas e afetivas dos profissionais militares com intuito de identificar se a atuação profissional interfere de forma direta ou indireta nessas relações. Ao final do estudo foi elaborado um Boletim Informativo, contendo todas as informações acerca dos achados com o fim de incentivar mudanças positivas no que diz respeito a intervenções institucionais, com o fim de contribuir para a higidez institucional, para o desempenho profissional dos militares, além de fomentar medidas para o enfrentamento à VPI. Concluiu-se que a Violência entre Parceiros Íntimos nas suas diversas formas está associada a fatores individuais e familiares que podem apresentar implicações importantes do ponto de vista das relações e da atuação profissional.

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Palavras-chave

Violência por parceiro íntimo, Militares, Ciência Militar, Estudos transversais

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