A tela encantada: filmes de visagens e a reinvenção das narrativas orais no cinema popular de Tefé
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Data
2017-09-15
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Universidade do Estado do Amazonas
Resumo
RESUMO
Esta dissertação é um estudo etnográfico do grupo de cinema popular conhecido como
Associação Fogo Consumidor, que atua na cidade de Tefé (AM) desde 2008. O grupo é
independente e produz filmes a partir das histórias contadas por narradores da região,
geralmente seus próprios pais e avós. A pesquisa busca entender como a contação de
histórias está sendo reinventada em linguagem cinematográfica, em um contexto em que
a oralidade vem sendo enfraquecida com as tecnologias de comunicação. A pesquisa foi
construída em torno do seguinte problema: é possível reconstruir a visibilidade das
histórias orais por meio do cinema? Para refletir sobre essa pergunta recorremos aos
seguintes teóricos: Paul Ricoeur (1994), Walter Benjamin (1994), Stuart Hall (2003),
Mircea Eliade (2016), Michael Pollak (1989), Eduardo Galvão (1976), Tzvetan Todorov
(2010), Wim Wenders (2013), Edgar Morin (2011) e Jean-Claude Bernardet (2006). No
capítulo 1, discutimos sobre as teorias que conceituam a narrativa e mostram a
necessidade do seu cultivo pelo povo. Falamos do cinema industrial, mostramos como
ele pode afetar de modo negativo as pessoas oprimidas, e em seguida abordamos o
cinema popular e refletimos sobre como este pode libertar a imaginação e a
expressividade daqueles subalternizados pela cultura hegemônica. O capítulo 2
apresenta a história do grupo Fogo Consumidor, resumos de histórias de vida de seis
integrantes do grupo e também relatos de experiência de sua atuação no cinema. No
capítulo 3, mostramos as histórias e narradores que são referências para o cinema
popular de Tefé, e analisamos como essas histórias estão sendo discriminadas e, ao
mesmo tempo, estão resistindo. O capitulo 4 reflete sobre como as histórias orais são
reinventadas em linguagem cinematográfica pelo grupo Fogo Consumidor, e como o
grupo se organiza para elaborar os filmes. O trabalho demonstra que o ofuscamento da
narração de histórias não está ocorrendo pela presença das tecnologias da comunicação,
mas em decorrência da maneira como essas ferramentas estão sendo utilizadas. Por
outro lado, percebemos que entre a narrativa oral e o cinema popular existe um
importante diálogo que pode descolonizar e cultivar culturas, sabedorias e reflexões.
Palavras-chave: narrativa oral; cinema popular; resistência; descolonização; Amazônia.
Descrição
Palavras-chave
Cinema, popular, Tefé, Etnografia