Saneamento Ambiental: participação popular e transversalidade em matéria de políticas públicas
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Data
2010-09-24
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Universidade do Estado do Amazonas
Resumo
A presente dissertação tem como objeto central a análise das políticas públicas de saneamento
ambiental sob o prisma da participação popular e da transversalidade. Tanto a legislação
brasileira como a doutrina contemporânea destacam a necessidade e a importância da
participação popular e da articulação das políticas públicas em matéria de saneamento
ambiental, isto porque tais políticas são condicionantes do maior bem jurídico tutelado pelo
Direito, qual seja a vida e, vida com qualidade. Entenda-se que o saneamento ambiental não
se limita aos aspectos do saneamento básico, instituído pela Lei Federal n. 11.445/2007, que
embora contemple a maioria das ações em saneamento a ela não se restringe, pois o
saneamento ambiental envolve também a educação ambiental, o controle de vetores, a
moradia, e os demais aspectos sociais relacionados ao saneamento do meio. Na realidade, a
problemática do saneamento ambiental está intrinsecamente relacionada a políticas setoriais
do saneamento básico, saúde, meio ambiente, recursos hídricos, resíduos sólidos como
também a política urbana. Necessário, portanto uma análise dessas políticas sob a óptica dos
direitos sociais por estarem ligadas ao dever prestacional do Estado, a partir de um olhar
histórico da própria evolução do papel do Estado. Nesse contexto destaca-se que a
democratização do espaço público mostra-se, na atualidade, como uma exigência da
sociedade plural que busca a partir da realidade local melhoria de qualidade de vida. E, a
cidadania passa a ser vista em seu conceito mais amplo chegando a ser, inclusive, concebida
como uma cidadania ambiental, convergente em termos de saneamento ambiental. A presente
pesquisa teve um cunho exploratório-descritivo, na medida em que se desenvolveu com a
utilização de fontes teóricas, que possibilitaram uma leitura das normas jurídicas e doutrina
sobre políticas públicas e sua interface com o saneamento ambiental, ao mesmo tempo em que
foi realizado um estudo da atual política pública de saneamento ambiental de Manaus, o
Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus – PROSAMIM, em implantação desde
2003 pelo Governo do Estado. No intuito de verificar a questão da democratização do espaço
público realizou-se a pesquisa de campo junto a uma das unidades habitacionais do Programa,
o Parque Residencial Manaus – PRM entrevistando 150 moradores, isto com o objetivo
principal de se investigar se houve diálogo entre Poder Público e comunidade quando do
planejamento, execução e conclusão das obras do PROSAMIM. Os dados da pesquisa de
campo revelaram que, de acordo com a população do PRM, houve várias reuniões para
discutir o projeto, entretanto, pôde-se perceber que esta discussão ficou adstrita, na maioria
dos casos, apenas ao aspecto informativo sobre o Programa, sendo desconsiderado o caráter
consultivo e deliberativo. Ademais, chama atenção o fato de que 82% dos entrevistados
classificaram o PROSAMIM-PRM como bom ou ótimo. Tais dados revelam que, ao menos, a
população do PRM que permaneceu no local – excluindo-se, portanto a parcela da população
que foi deslocada – legitima referida política pública de saneamento ambiental. É certo que
em termos de controle das políticas públicas, o papel do Poder Judiciário mostra-se ainda
fundamental, notadamente quando da omissão do Poder Público. De uma forma geral,
observou-se que há a necessidade de maior comprometimento político com o setor de
saneamento ambiental, pois só assim se conseguirá de forma plena garantir num Estado
Democrático de Direito, o direito à cidadania e a dignidade da pessoa humana, concretizandose desta forma os fundamentos da República Federativa do Brasil.
Descrição
Palavras-chave
Políticas Públicas, Saneamento Ambiental, Participação Popular, Espaço público