O sorriso da avó em “Guarde segredo”, de Esmeralda Ribeiro
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Data
2019-01-21
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Universidade do Estado do Amazonas
Resumo
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No conto “Guarde Segredo” (1991), Esmeralda Ribeiro (1958-) substitui os pais “verdadeiros” ou biológicos de uma jovem afrodescendente por dois pais “falsos” (vovó Olívia e Lima Barreto). Por qual razão Ribeiro nos apresenta esta família alternativa? Neste artigo, defendo que a imaginação de uma nova família permite a Ribeiro combinar uma abordagem da invisibilidade literária, histórica e política das mulheres afrodescendentes com uma visão crítica e ambivalente da maternidade, quando esta se torna excessivamente visível na esfera privada. Apropriando-se dos princípios utilizados por sociedades disciplinares para regular relações raciais e sexuais, “Guarde Segredo” introduz estruturas panópticas de disciplina (Foucault, 1977) no cotidiano familiar dos inquilinos da casa situada à rua Major Mascarenhas, de modo a inverter o processo de invisibilidade crescente da jovem narradora, enquanto mãe afrodescendente em potência. A solução panóptica encontrada por Ribeiro cria uma plataforma privilegiada de acesso aos seus pais enquanto observadores/educadores, um dos quais é, como veremos, mais invisível do que o outro. A imaginação de uma nova família em “Guarde Segredo” permite a Ribeiro oferecer pistas teóricas necessárias para uma discussão sustentável e não essencialista da maternidade no contexto do projeto político-literário da escritura afro-brasileira.
Palavras-chave
Afrodescendência, Maternidade, Panóptico
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