Das possibilidades do impossível : leituras do outro vivente em Jaula, de Astrid Cabral

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Data

2018-09-21

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Universidade do Estado do Amazonas

Resumo

A fim de, no mínimo, discutir a relação entre literatura e animalidade existente na antologia Jaula (2006), de Astrid Cabral, poeta brasileira nascida no Amazonas, este trabalho apresenta leituras da ambígua e inegável presença do outro vivente na obra a partir de três eixos, inicialmente distintos, mas que se complementam para tentar alcançar um ato poético que, segundo acreditamos, busca lidar com as possibilidades do impossível presentes nessa relação. Pensadas sobretudo sob o signo do homem, da humanidade e em favor desta, as categorias que regem nossa relação com os animais não só criaram um vazio num contínuo ato de remover qualquer possibilidade desses outros ditos “irracionais”, como se valeram desse vazio para exercer um poder soberano. No intuito de menos reverter o prejuízo dessa lógica cartesiana antropocêntrica do que lidar com este, no sentido de compreender sua extensão e enfrentá-lo, a Jaula de Astrid realiza um esforço de ceder o espaço da literatura ao outro vivente revelando nossa inegável ignorância “para o que os pássaros sabem”. Na tentativa de interpretar esse esforço presumidamente simples mas de realizações múltiplas, multiplicam-se também, por três, nossos esforços de leitura. No primeiro momento, buscaremos discutir a construção e relação entre as fronteiras das categorias: humanidade e animalidade e como a obra se articula no sentido de restaurar a inegável ambiguidade presente nestes espaços limítrofes. Em seguida, nos debruçaremos sobre a questão da representação e também da não-representação do animal na literatura, a fim de compreender como autora, ao representar e não-representar os outros viventes em Jaula, converte-os em uma interface em que o olhar humano deságua animal. Por último, buscaremos lidar com o aspecto taxonômico-literário da obra, que é herdeira da tradição dos bestiários medievais e zoopoéticos do século XX. Ressignificando tal tradição, Astrid se vale das possibilidades do gênero para construir, poeticamente, não só um espaço para seus outros viventes de letras, mas também uma armadilha que desautoriza a ordem adâmica do mundo. Palavras-chave:Animalidade; Literatura Brasileira, Astrid Cabral.

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Palavras-chave

Animalidade, Literatura Brasileira, Astrid Cabral

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